sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Eis uma bela poesia, de um dos melhores poetas do século XX, Mário Faustino.



Romance

Para as Festas de Agonia
Vi-te chegar, como havia
Sonhado já que chegasses:
Vinha teu vulto tão belo
Em teu cavalo amarelo,
Anjo meu, que, se me amasses,
Em teu cavalo eu partira
Sem saudade, pena, ou ira;
Teu cavalo, que amarraras
Ao tronco de minha glória
E pastava-me a memória.
Feno de ouro, gramas raras.
Era tão cálido o peito
Angélico, onde meu leito
Me deixaste então fazer,
Que pude esquecer a cor
Dos olhos da Vida e a dor
Que o Sono vinha trazer.
Tão celeste foi a Festa,
Tão fino o Anjo, e a Besta
Onde montei tão serena,
Que posso, Damas, dizer-vos
E a vós, Senhores, tão servos
De outra Festa mais terrena –
Não morri de mala sorte,

Morri de amor pela Morte.


Mário Faustino dos Santos e Silva nasceu no dia 22 de outubro de 1930, em Teresina, Piauí. Começou muito cedo, aos 16 anos já publicava crônicas e escrevia poemas. Durante sua breve vida escreveu belos poemas, muitos deles relacionados à morte. O autor publicou um único livro de poesia em 1955, “O homem e sua hora”. Mário Faustino faleceu aos 32 anos de idade, num trágico acidente aéreo, curiosamente.

           Professor Adilson Citelli

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