terça-feira, 31 de maio de 2011

Garota linda

Garota linda; eu te venero.

A tua pele macia; eu quero tocar, sentir, provar.

Em teus longos cabelos; eu quero me enrolar.

Linda garota; eu te quero.

Os teus olhos de jabuticaba; encantam, seduzem, paralisam.

Em teu corpo cheiroso; eu quero me achegar.

Morena linda; vem me enfeitiçar.

Dos pés à cabeça; da cabeça aos pés.

Corpo perfeito; eu quero só pra mim.

Morena linda; vem me bolinar.

Belas palavras; em teu ouvido quero docemente murmurar.

Beijo de mel; molhado e doce em ti eu quero dar.


Gerci Monteiro de Freitas

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Tropicana (Alceu Valença)



Várias canções foram compostas ao redor do mundo. Os temas são variados. Há gosto para tudo, claro. Entretanto, o amor e a mulher são temas que se destacam no universo poético das canções. Canções maravilhosas vieram ao mundo como frutos de seus criadores, num momento em que estavam absolutamente inspirados, num momento único, sublime. Um dos frutos desses aos quais me refiro pode ser observado na bela canção de Alceu Valença, Morena Tropicana. Com características tipicamente nordestinas, uma canção regional, portanto. Morena Tropicana é uma jóia rara, atemporal e com versos curtos, lindos, muito bem-construidos.

Tropicana (Morena Tropicana)

Alceu Valença

Composição : Alceu Valença / Vicente

Da manga rosa

Quero gosto e o sumo.

Melão maduro, sapoti, juá.

Jaboticaba, teu olhar noturno;

Beijo travoso de umbú cajá.



Pele macia,

Ai! carne de cajú!

Saliva doce, doce mel,

Mel de uruçú.



Linda morena,

Fruta de vez temporana,

Caldo de cana caiana,

Vem me desfrutar!

Linda morena,

Fruta de vez temporana,

Caldo de cana caiana,

Vou te desfrutar!



Morena Tropicana,

Eu quero teu sabor.

Ai! Ai! Ioiô! Ioiô! (2x)



Da manga rosa

Quero gosto e o sumo.

Melão maduro, sapoti, juá.

Jaboticaba, teu olhar noturno;

Beijo travoso de umbú cajá.



Pele macia,

Ai! carne de cajú!

Saliva doce, doce mel,

Mel de uruçú.



Linda morena,

Fruta de vez temporana,

Caldo de cana caiana,

Vou te desfrutar!

Linda morena,

Fruta de vez temporana,

Caldo de cana caiana,

Vem me desfrutar!



Morena Tropicana,

Eu quero teu sabor.

Ai! Ai! Ioiô! Ioiô! (2x)



Morena Tropicana,

Eu quero teu sabor.

Ai! Ai! Ioiô! Ioiô! (2x)



Da manga rosa

Quero gosto e o sumo.

Melão maduro, sapoti, juá.

Jaboticaba, teu olhar noturno;

Beijo travoso de umbú cajá.



Pele macia,

Ai! carne de cajú!

Saliva doce, doce mel,

Mel de uruçú.



Linda morena,

Fruta de vez temporana,

Caldo de cana caiana,

Vou te desfrutar!

Linda morena,

Fruta de vez temporana,

Caldo de cana caiana,

Vem me desfrutar!



Morena Tropicana,

Eu quero teu sabor.

Ai! Ai! Ioiô! Ioiô! (2x)

Morena Tropicana!...



terça-feira, 24 de maio de 2011

Ode à Paixão



A Paixão é Bela!
É um sentimento puro,
Puro e avassalador,
Cálido, fogoso e ardente,
De um ardor impar,
Que incendeia o coração e a mente,
Não é superado em intensidade.

A Paixão é Bela!
Faz-me sentir gente,
Faz-me sentir contente,
Leva-me à alegria,
Leva-me à fantasia,

Dá-me o desejo,
Dá-me o sonho.

A Paixão é Bela!
Porém, passageira...
A Paixão é Bela!
Bela enquanto acesa...
A Paixão é Bela!
Bela enquanto dure...


Gerci Monteiro de Freitas

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Se enamora (Tiê)

Uma canção antiga, muito antiga, já foi interpretada pelo extinto grupo infantil Balão Mágico e por mais uma série de cantores Brasil afora. A canção em questão é Se enamora. Bela e singela, uma canção que nos encanta com rimas suaves e versos atemporais. Há uma interprete que gosto muito. Com seu jeito doce e uma voz especial, Tiê faz com que viajemos ao ouvir está magnífica canção.

Se Enamora

Interprete: Tiê

Composição : Garofalo/ Monti / Vicenzo Giuffré / Giannino Gastaldo / Edgard Poças


Quando você chega na classe
Nem sabe
Quanta diferença que faz
E às vezes
Faço que não vejo e nem ligo
E finjo, ser distraída demais

Quantas vezes te desenhei
Mas não consigo
Ver o teu sorriso no fim
Te sigo
Caminhando pelo recreio
Quem sabe
Você tropeça em mim

Se enamora
Quem vê você chegar com tantas cores
E vê você passar perto das flores
Parece que elas querem te roubar

Se enamora
Quem vê você chegar com tantos sonhos
E os olhos tão ligados nesses sonhos
Tesouros de um amor que vai chegar

Quando toca o despertador
De manhãzinha
Me levanto e vou me arrumar
E vejo
A felicidade no espelho
Sorrindo
Claro que vou te encontrar

Fico só pensando em você
E juro
Que vou te tirar pra dançar
Um dia
Mas uma canção é tão pouco
Nem cabe
Tudo que eu quero falar

Se enamora
Quem vê você chegar com tantas cores
E vê você passar perto das flores
Parece que elas querem te roubar

Se enamora
Quem vê você chegar com tantos sonhos
E os olhos tão ligados nesses sonhos
Tesouros de um amor que vai chegar

Se enamora
E fica tão difícil
De ir embora
E às vezes escondido
A gente chora
E chora mesmo sem saber porque
Se enamora
A gente de repente
Se enamora
E sente que o amor
Chegou na hora
E agora gosto muito de você


domingo, 8 de maio de 2011

O Saci (MonteiroLobato)

A rotação da terra produz a noite; a noite produz o medo; o medo gera o sobrenatural: – divindades e demônios têm a origem comum da treva

Quando o sol raia, desdemoniza-se a natureza. Cessa o Sabá. Satã afunda no Inferno, seguido da alcatéia inteira dos diabos menores.

A bruxa reveste a forma humana. O lobisomem perde a natureza dupla. Os fantasmas diluem-se em névoa. Evaporam-se os duendes. Os gnomos subterrâneos mergulham no escuro das tocas. A caipora deixa em paz o viajante. As mulas sem cabeça reincabeçam-se e vão pastar mansamente. As almas penadas trancam-se nas tumbas. Os sacis param de assobiar e, cansados duma noite inteira de molecagens, escondem-se nos socavões das grotas, no fundo dos poços, em qualquer couto onde não penetre a luz, sua mortal inimiga. Filhos da sombra, ela os arrasta consigo mal o Sol anuncia, pela boca da Aurora, o grande espetáculo em que a Luz e sua filha a Côr esplendem numa fulgurante apoteose.

A treva, batida de todos os lados, refoge para os antros onde moram a coruja e o morcego. E nessas nesgas de escuro apinha-se a fauna inteira dos pesadelos, tal qual as rãs e os peixinhos aprisionados nas poças sem esgoto, quando após as grandes enchentes as águas descem. E como nas poças verdinhentas a atraíra permanece imóvel e a rã muda, assim toda a legião dos diabos se apaga. Inutilmente tentaríamos surpreender unzinho sequer.

O saci, por exemplo.

Abundante à noite como o morcego, nunca se deixou pilhar de dia. Metido nas tocas de tatú, ou nos ocos das árvores velhas, ou alapado à beira-rio em solapões de pedra limosa com retrança de samambaias à entrada, o moleque de carapuça vermelha sabe como ninguém o segredo de invizibilizar-se. Não colhesse ele, todos os anos, nas noites de São João, a misteriosa flor da samambaia!…

Mal, porém, o sol afrouxa no horizonte e a morcegada faminta principia a riscar de vôos estrouvinhados o ar cada vez mais escuro da noitinha, a “saparia” pula dos esconderijos, assobia o silvo de guerra – Saci-pererê! – e cai a fundo nas molecagens costumadas.

As primeiras vítimas são os cavalos. O saci corre aos pastos, laça com um cipó o animal escolhido – e nunca errou laçada! – trança-lhe a crina para armar com ela um estribo e dum salto monta-o à sua moda. O cavalo toma-se de pânico, e deita a corcovear pelo campo afora enquanto o perneta lhe finca os dentes numa veia do pescoço e chupa gostosamente o sangue. Pela manhã o pobre animal aparece varado, murcho dos vazios, cabeça pendida e suado como se o afrouxasse uma caminheira de dez léguas beiçais.

O sertanejo premune-o contra esses malefícios pendurando-lhe ao pescoço um rosário de capim ou um bentinho. É água na fervura.

Farto, ou impossibilitado daquela equitação vanpírica, o saci procura o homem para atenazá-lo.

Se encontra na estrada algum viajante tresnoitado, ai dele! Desfere-lhe de improviso um assobio ao a ouvido escarrancha-se-lhe à garupa – e é uma tragédia inteira o resto da jornada. Não raro o mísero perde os estribos e cai sem sentidos à beira do barranco.

Outras vezes diverte-se o saci a pregar-lhe peças menores: desafivela um lóro, desmancha o freio, escorrega o pelego, derruba-lhe o chapéu e faz mil outras picuinhas brejeiras.

O saci tem horror à água. Um depoente no inquérito demonológico do “Estadinho” narra o seguinte caso típico. Havia um caboclo morador numa ilha fluvial onde nunca entrara saci, porque as águas circunvolventes defendiam a feliz mansão. Certa vez, porém, o caboclo foi ao “continente” de canoa, como de hábito, e lá se demorou até à noite. De volta notou que a canoa vinha pesadíssima e foi com enormes dificuldades que conseguiu alcançar o abicadouro da margem oposta. Estava a ‘maginar no estranho caso – um travessio que fora fácil de dia e virara osso de noite – quando, ao firmar o varejão em terra firme, viu saltar da embarcação um saci às gargalhadas. O malvado aproveitara o incidente do travessio a deshoras para localizar-se na ilha, onde, desde então, nunca mais houve sossego entre os animais nem paz entre os homens.

Nos casebres da roça há sempre uma pequena cruz pendurada às portas. É o meio de livrar a vivenda do hospede não convidado. Mesmo assim ele ronda a moradia, arma peças a quem se aventura a sair para o terreiro, espalha a farinha dos monjolos, remexe o ninho das poedeiras, gora os ovos, judia das aves.

Se a casa não é defendida, é lá dentro que ele opera. Estraga objetos, esconde a massa do pão posta a crescer, esparrama a cinza dos fogões apagados em cata de algum pinhão ou batata esquecidos. Se encontra brasas, malabariza com elas e ri-se perdidamente quando consegue passar uma pelo furo das mãos. Porque, além do mais, tem as mãos furadas, o raio do moleque…

As porteiras, como as casas, são vacinadas contra o saci. Rara é a que não traz uma cruz escavada no macarrão. Sem isto o saci divertir-se-ia fazendo-a ringir toda a noite ou abrindo-a inopinadamente diante do transeunte que a defronta, com grande escândalo e pavor deste, pois adivinharia logo o autor da amabilidade e o repeliria com esconjuros.

Os cães apavoram-se quando percebem um saci no terreiro, e uivam retransidos.

Refere um depoente o caso da Dona Evarista. Morava esta excelente senhora numa casinha de barro, já velha e buraquenta, em lugar bastante infestado. Certa noite ouviu a cachorrada prorromper em uivos lamentosos. Assustada, pulou da cama, enfiou a saia e, tonta de sono, foi à cozinha, cuja porta abria para o quintal. E lá estarreceu de assombro: um saci arreganhado erguia-se de pé na soleira da porta, dizendo-lhe com diabólica pacholice: Boa noite, dona Evarista! A veha perdeu a fala e desabou na terra-batida, só voltando a si pela manhã. Desde então nunca mais lhe saiu das ventas um certo cheirinho a enxofre…

Se fossem só essas aparições…

Mas o saci inventa mil coisas para azoinar a humanidade. Furta o piruá da pipóca deixado na peneira, entorna vasilhas d’água, enreda a linha dos novelos, desfaz os crochês, esconde os roletes de fumo.

Quando um objeto desaparece, dedal ou tesourinha, é inútil campeá-lo pela casa inteira. Para reavê-lo basta dar três nós numa palha colhida num rodamoinho e pô-la sob o pé da mesa. O saci, amarrado e imprensado, visibilizará incontinente o objeto em questão para que o libertem do suplício.

Rodamoinho… A ciência explica este fenômeno mecanicamente, pelo choque de ventos contrários e não sei mais que. Lérias! É o saci que os arma. Dá-lhe, em dias ventosos, a veneta de turbilhonar sobre si próprio como um pião. Brincadeira pura. A deslocação do ar produzida pelo giroscópio de uma perna só é que faz o remoinho, onde a poeira, as folhas secas e as palhinhas dançam em torno dele um corrupio infrene. Há mais coisa no céu e na terra do que sonha a tua ciência, Ganot!

Nessas ocasiões é fácil apanhá-lo. Um rosário de capim, bem manejado, laça-o infalivelmente. Também há o processo da peneira: é lançá-la, emborcada, sobre o núcleo central do rodamoinho. Exige-se, porém, que a peneira tenha cruzeta…

A figuração do saci sofre muitas variantes. Cada qual o vê a seu modo. Existem, todavia, traços comuns em relação aos quais as opiniões são unânimes: uma perna só, olhos de fogo, carapuça vermelha, ar brejeiro, andar pinoteante, cheiro a enxofre, aspecto de meninote. Uns têm-no visto de camisola de baeta, outros de calção curto; a maioria o vê nu.

Quanto ao caráter, há concordância em lhe atribuir um espírito mais inclinado à brejeirice do que à malvadez. Vem daí o misto de medo e simpatia que os meninos peraltas revelam pelo saci. É um deles – mais forte, mais travesso, mais diabólico; mas é sempre um deles o moleque endemoniado capaz de diabruras como as sonha a “saparia”.

A curiosidade despertada pelo inquérito do “Estadinho” denota como está generalizada entre nós a crendice. Raro é o brasileiro que não traz na memória a recordação da quadra saudosa em que “via sacis” e os tinha sempre presentes na imaginação exaltada. Convidados agora para falar sobre o duendezinho, todos impregnam seus depoimentos da nota pessoal das coisas vividas na infância. Referem-se a ele como a um velho conhecido que a vida, a idade e o discernimento fizeram perder de vista, mas não esquecer…

E – dubitativos uns, cépticos outros, afirmativos muitos – a conclusão de todos é a mesma: o Saci existe!…

- Como o Putois, de Anatole France?

Que importa? Existe. Deus e o Diabo ensinaram-lhe essa maneira subjetiva de existir…





Monteiro Lobato

SONETO LXXXVIII (William Shakespeare)

Quando me tratas mau e, desprezado,
Sinto que o meu valor vês com desdém,
Lutando contra mim, fico a teu lado
E, inda perjuro, provo que és um bem.
Conhecendo melhor meus próprios erros,
A te apoiar te ponho a par da história
De ocultas faltas, onde estou enfermo;
Então, ao me perder, tens toda a glória.
Mas lucro também tiro desse ofício:
Curvando sobre ti amor tamanho,
Mal que me faço me traz benefício,
Pois o que ganhas duas vezes ganho.
Assim é o meu amor e a ti o reporto:
Por ti todas as culpas eu suporto.

William Shakespeare

segunda-feira, 2 de maio de 2011

EU QUERO É TEU CALOR ANIMAL (Mário Quintana)

Mas onde já se ouviu falar num amor à distância,
Num teleamor ?!
Num amor de longe…
Eu sonho é um amor pertinho…
E depois
Esse calor humano é uma coisa que todos - até os executivos têm
É algo que acaba se perdendo no ar
No vento
No frio que agora faz…
Escuta!
O que eu quero
O que eu amo
O que eu desejo em ti
È teu calor animal…


Mário Quintana

domingo, 1 de maio de 2011

Jóia única (Texto de Autor Desconhecido)

Atravessando o deserto, um viajante viu um árabe montado ao pé de uma palmeira. A pouca distância repousavam os seus cavalos, pesadamente carregados com valiosos objetos.

Aproximou-se dele, e disse:

- Pareceis muito preocupado. Posso ajudar-vos em alguma coisa?

- Ah! respondeu o árabe com tristeza, estou muito aflito, porque acabo de perder a mais preciosa de todas as jóias.

- Que jóia era essa? -- perguntou o viajante.

- Era uma jóia como jamais haverá outra -- respondeu o seu interlocutor.

Estava talhada num pedaço de pedra da vida e tinha sido feita na oficina do tempo. Adornavam-na vinte e quatro brilhantes, em volta dos quais agrupavam-se sessenta menores. Já vereis que tenho razão em dizer que jóia igual jamais poderá reproduzir-se.

- Por minha fé -- disse o viajante --, a vossa jóia devia ser preciosa. Mas não será possivel que, com muito dinheiro, se possa fazer outra igual?

Voltando a ficar pensativo, o árabe respondeu:

- A jóia perdida era um dia, e um dia que se perde jamais se torna a encontrar.

O Melhor Amigo – Fernando Sabino

A mãe estava na sala, costurando. O menino abriu a porta da rua, meio ressabiado, arriscou um passo para dentro e mediu cautelosamente a ...