segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

A flor (texto de Autor Desconhecido)




O local estava deserto quando sentei-me para ler embaixo dos longos ramos de um velho carvalho. Desiludido da vida, com boas razões para chorar, pois tinha a impressão que o mundo estava tentando me afundar. E se não fosse razão suficiente para arruinar o dia, um garoto ofegante chegou perto de mim, cansado de brincar. Ele parou na minha frente, cabeça pendente, e disse cheio de alegria:
- Veja o que encontrei!

Na sua mão uma flor. E que visão lamentável! Estava murcha com muitas pétalas caídas...

Querendo ver-me livre do garoto com sua flor, fingi pálido sorriso e virei-me.
Mas ao invés de recuar, ele sentou-se ao meu lado, levou a flor ao nariz e declarou com estranha surpresa:
- O cheiro é ótimo, e é bonita também... Por isso a peguei. Pegue-a, é sua!

A flor à minha frente estava morta ou morrendo. Nada de cores vibrantes como laranja, amarelo ou vermelho, mas eu sabia que tinha que pegá-la, ou ele jamais sairia de lá. Então estendi-me para pegá-la e respondi:
- Era o que eu precisava...

Mas, ao invés de colocá-la na minha mão, ele a segurou no ar sem qualquer razão.
Nessa hora notei, pela primeira vez, que o garoto era cego, e que não podia ver o que tinha nas mãos. Senti minha voz sumir. Lágrimas despontaram ao sol, enquanto lhe agradecia por escolher a melhor flor daquele jardim.
- De nada... - respondeu sorrindo.

E então voltou a brincar sem perceber o impacto que teve em meu dia.
Sentei-me e comecei a pensar como ele conseguiu enxergar um homem auto-piedoso sob um velho carvalho. Como ele sabia do meu sofrimento auto-indulgente? Talvez no seu coração ele tenha sido abençoado com a verdadeira visão.

Através dos olhos de uma criança cega, finalmente entendi que o problema não era o mundo, e sim EU! E por todos os momentos em que eu mesmo fui cego, agradeci por ver a beleza da vida e apreciar cada segundo que é só meu. Então levei aquela feia flor ao meu nariz e senti a fragrância de uma bela flor, e sorri enquanto via aquele garoto com outra flor em suas mãos prestes a mudar a vida de um insuspeito senhor de idade...

As melhores coisas da vida são vistas com o coração!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

A felicidade não está onde se procura



Nasrudin encontrou um homem desconsolado sentado à beira do caminho e perguntou-lhe os motivos de tanta aflição.

- Não há nada na vida que interesse, irmão. Tenho dinheiro suficiente para não precisar trabalhar e estou nesta viagem só para procurar algo mais interessante do que a vida que levo em casa. Até agora, eu nada encontrei.

Sem mais palavra, Nasrudin arrancou-lhe a mochila e fugiu com ela estrada abaixo, correndo feito uma lebre. Como conhecia a região, foi capaz de tomar uma boa distância.

A estrada fazia uma curva e Nasrudin foi cortando o caminho por vários atalhos, até que retornou à mesma estrada, muito à frente do homem que havia roubado. Colocou a mochila bem do lado da estrada e escondeu-se à espera do outro. Logo apareceu o miserável viajante, caminhando pela estrada tortuosa, mais infeliz do que nunca pela perda da mochila. Assim que viu sua propriedade bem ali, à mão, correu para pegá-la, dando gritos de alegria.

- Essa é uma maneira de se produzir felicidade - disse Nasrudin.

Contos Sufi de Nasrudin

O Melhor Amigo – Fernando Sabino

A mãe estava na sala, costurando. O menino abriu a porta da rua, meio ressabiado, arriscou um passo para dentro e mediu cautelosamente a ...