quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Estrela cadente (Roseana Murray)



Quando eu estiver com o olhar distante, maninha,
com um jeito esquisito de quem não está presente,
não se assuste, ó maninha,
fui logo ali, no quintal do céu,
colher uma estrela cadente.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O meu pomar (Cecília Meireles)



Se eu tivesse um pomar, um pequeno pomar que fosse,
não lhe poria grade à roda como os outros proprietários.
Não poria a guardá-lo, um desses cães enormes, rancorosos,
que andam sempre rondando os pomares...
O meu pomar seria assim: todo aberto, para todos.
E, quando o outono chegasse e as árvores ficassem cheias de frutos amarelos
e vermelhos, nenhum pobrezinho teria fome,
nenhuma criança choraria de sede, passando pelo meu pomar...
E, no inverno, ainda haveria lá onde alguém se abrigasse,
quando chovesse muito ou fizesse muito frio...
Se eu tivesse um pomar, ele estaria sempre em festa,
cheio de borboletas e pássaros...
Como eu seria feliz, se tivesse um pomar!

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A águia e o pardal (Esopo)



O sol anunciava o final de mais um dia e lá, entre as árvores, estava Andala, um pardal que não se cansava de observar Yan, a grande águia. Seu vôo preciso, perfeito, enchia seus olhos de admiração. Sentia vontade em voar como a águia, mas não sabia como o fazer. Sentia vontade em ser forte como a águia, mas não conseguia assim ser. Todavia, não cansava de segui-la por entre as árvores só para vislumbrar tamanha beleza...

Um dia estava a voar por entre a mata a observar o vôo de Yan, e de repente a águia sumiu da sua visão. Voou mais rápido para reencontrá-la, mas a águia havia desaparecido. Foi quando levou um enorme susto: deparou de uma forma muito repentina com a grande águia a sua frente. Tentou conter o seu vôo, mas foi impossível, acabou batendo de frente com o belo pássaro.

aiu desnorteado no chão e quando voltou a si, pode ver aquele pássaro imenso bem ao seu lado observando-o. Sentiu um calafrio no peito, suas asas ficaram arrepiadas e pôs-se em posição de luta. A águia em sua quietude apenas o olhava calma e mansamente, e com uma expressão séria, perguntou-lhe:

- Por que estás a me vigiar, Andala?

- Quero ser uma águia como tu, Yan. Mas, meu vôo é baixo, pois minhas asas são curtas e vislumbro pouco por não conseguir ultrapassar meus limites.

- E como te sentes amigo sem poder desfrutar, usufruir de tudo aquilo que está além do que podes alcançar com tuas pequenas asas?

- Sinto tristeza. Uma profunda tristeza. A vontade é muito grande de realizar este sonho...

O pardal suspirou olhando para o chão... E disse:

- Todos os dias acordo muito cedo para vê-la voar e caçar. És tão única, tão bela. Passo o dia a observar-te.

- E não voas? Ficas o tempo inteiro a me observar? Indagou Yan.

- Sim. A grande verdade é que gostaria de voar como tu voas... Mas as tuas alturas são demasiadas para mim e creio não ter forças para suportar os mesmos ventos que, com graça e experiência, tu cortas harmoniosamente...

- Andala, bem sabes que a natureza de cada um de nós é diferente, e isto não quer dizer que nunca poderás voar como uma águia. Sê firme em teu propósito e deixa que a águia que vive em ti possa dar rumos diferentes aos teus instintos. Se abrires apenas uma fresta para que esta águia que está em ti possa te guiar, esta dar-te-á a possibilidade de vires a voar tão alto como eu. Acredita!

E assim, a águia preparou-se para levantar vôo, mas voltou-se novamente ao pequeno pássaro que a ouvia atentamente:

- Andala, apenas mais uma coisa: Não poderás voar como uma águia, se não treinares incansavelmente por todos os dias. O treino é o que dá conhecimento, fortalecimento e compreensão para que possas dar realidade aos teus sonhos. Se não pões em prática a tua vontade, teu sonho sempre será apenas um sonho. Esta realidade é apenas para aqueles que não temem quebrar limites, crenças, conhecendo o que deve ser realmente conhecido. É para aqueles que acreditam serem livres, e quando trazes a liberdade em teu coração poderás adquirir as formas que desejares, pois já não estarás apegado a nenhuma delas, serás livre! Um pardal poderá, sempre, transformar-se numa águia, se esta for sua vontade. Confia em ti e voa, entrega tuas asas aos ventos e aprende o equilíbrio com eles. Tudo é possível para aqueles que compreenderam que são seres livres, basta apenas acreditar, basta apenas confiar na tua capacidade em aprender e ser feliz com tua escolha!

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

My My, Hey Hey – Para quem gosta do velho e bom Rock and Roll




Esta composição da década de 70 é uma maravilha! Obra de Neil Young - o cara que é uma lenda do rock americano - “My My, Hey Hey (Out of the blue)” foi composta mais precisamente em 1978, quase no finalzinho da década. Falar que as décadas passadas foram mais privilegiadas que a década em que vivemos é, no mínimo, chover no molhado. Os anos 70 em questão foram pródigos quando se fala em Rock and Roll. Não que os outros não fossem. Nada disso. Fossemos falar de todas as maravilhas do rock produzidas em décadas passadas ficaríamos falando, falando e seria muito difícil pararmos... Mas esta música em especial merece um destaque, uma homenagem pelo que foi e pelo que representa Neil Young para o rock mundial. No tempo em que os artistas sabiam protestar. Havia motivo para protestos e eles aconteciam com propriedade. Hoje não, apesar de motivos não faltarem. A preferência hoje em dia é pela futilidade...

My My, Hey Hey (out of the blue) 
Composição: Neil Young

My my, hey hey
Rock and roll is here to stay
It's better to burn out
Than to fade away
My my, hey hey.

Out of the blue and into the black
They give you this, but you pay for that
And once you're gone, you can never come back
When you're out of the blue and into the black.

The king is gone but he's not forgotten
This is the story of a Johnny Rotten
It's better to burn out than it is to rust
The king is gone but he's not forgotten.

Hey hey, my my
Rock and roll can never die
There's more to the picture
Than meets the eye.
Hey hey, my my.

O Melhor Amigo – Fernando Sabino

A mãe estava na sala, costurando. O menino abriu a porta da rua, meio ressabiado, arriscou um passo para dentro e mediu cautelosamente a ...